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O Rio e a síntese nacional

Apesar das transformações econômicas nas últimas décadas e do fortalecimento de núcleos dinâmicos no interior, a RMRJ domina a cena fluminense.

Por *Ranulfo Vidigal

A falta de oportunidades produtivas nestes tempos de capitalismo de plataformas e desindustrialização acelerada trazem à tona o incremento da pobreza extrema, da desigualdade e da violência urbana, em destaque na mídia corporativa nacional destacando o papel da crise na Segurança Pública da segunda economia do país.

O recente Censo do IBGE foi taxativo, ou seja, com seus 16,8 milhões de habitantes, o Estado do Rio de Janeiro (ERJ) teve incremento populacional em 12 anos, de apenas 65 mil habitantes e ainda concentra 74% de seu contingente populacional na Região Metropolitana (RMRJ).

Isso comprova que, apesar das transformações econômicas nas últimas décadas e do fortalecimento de núcleos dinâmicos no interior, a RMRJ (Região Metropolitana do Rio de Janeiro) domina a cena fluminense. O projeto de industrialização, desde Getúlio, JK. E até com os militares destinou à economia paulista todas as vantagens tributárias e creditícias. O desafio do ERJ hoje é superar o baixo crescimento e o envelhecimento relativo da força de trabalho.

Para diversos autores, a ampla, complexa e longeva crise do ERJ (Estado do Rio de Janeiro) vem da época de quando começou a ser superada pela economia paulista na passagem do século XIX para XX.

Entretanto, a antiga capital federal preservou particularidades que a manteve crescendo economicamente à sombra da atividade paulista, praticamente até 1980 e sua capital, presente no imaginário internacional, como imagem do país foi praça comercial, financeira e portuária do Brasil.

Contudo, a economia fluminense contando com um setor terciário inchado e precário/informal convive com um mercado de trabalho de baixos salários que limita o potencial de seu nível de consumo familiar. Fato que contou recentemente com a ajuda do enxugamento da máquina pública estadual.

A presença da Petrobrás, com seus gloriosos 70 anos, promoveu uma interiorização litorânea da produção e da renda fluminense, como pode ser constatado pelos dados relacionados ao número de estabelecimentos, população ocupada e valor adicionado fiscal. No mesmo movimento, a indústria automobilística e a fronteira com São Paulo fortaleceram a produção na região do Médio Paraíba.

A Reforma Tributária que une ICMS e ISS, bem como as novas prioridades contidas no Programa de Aceleração do Crescimento e o Planejamento Plurianual do governo Lula, ao sinalizarem o fortalecimento das cadeias de Óleo e Gás, o Complexo Industrial Militar e o segmento do Complexo da Saúde (grande empregador) permitem à elite dirigente fluminense mais uma oportunidade de alterar as condições de vida da população.

*Ranulfo Vidigal – economista

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