A moeda social criada pela Prefeitura de Maricá já injetou mais de R$ 1 bilhão na economia do município.
Criada pela Prefeitura de Maricá em 2013, a moeda social Mumbuca completa uma década de vida nesta segunda-feira (26/06). A moeda digital circula por todo o município, impulsionando a economia local. Ao longo desses dez anos, mais de R$ 1 bilhão foram injetados na cidade por meio dessa iniciativa, resultando em uma média atual de 15 mil transações por minuto.
A Mumbuca foi desenvolvida com base no conceito de economia circular, com o objetivo de valorizar o comércio e os serviços locais, além de promover a geração e distribuição de renda para a população. A moeda tem uma paridade de um para um com o real, ou seja, cada Mumbuca equivale a R$ 1.
A política pública de economia solidária e combate à pobreza em Maricá teve início com a publicação do decreto municipal n° 2.448, em 2013, que estabeleceu o programa Renda Básica da Cidadania. A moeda social recebeu o nome de um dos principais rios e também de um bairro da região.
Os números demonstram a magnitude desse projeto nos diversos programas sociais que utilizam a moeda digital. Apenas no programa Renda Básica da Cidadania (RBC), o primeiro a ser implementado na cidade, há 42.500 beneficiários. Cada membro da família recebe mensalmente 200 Mumbucas, equivalente a R$ 200. Recentemente, foi criado o Programa de Proteção ao Trabalhador (PPT), no qual 15 mil trabalhadores autônomos e microempreendedores individuais (MEIs) recebem R$ 650 por mês, mesmo valor pago a seis mil servidores municipais da administração direta e indireta, como auxílio alimentação. Todos esses pagamentos são realizados em Mumbucas.
– Já faz parte do dia-a-dia de Maricá. A cidade foi a primeira no Brasil a ter uma moeda social inteiramente digitalizada, sem o uso do papel-moeda. Atualmente são mais de 80 mil contas abertas especificamente para receber a moeda, em diferentes modalidades. Ou seja, um terço dos moradores da cidade a utilizam – afirma o secretário municipal de de Economia Solidária, Adalton Mendonça.
Banco criado para gerir pagamentos
Todas as transações monetárias com a moeda social são administradas pelo Banco Mumbuca, uma instituição financeira de caráter comunitário criada em 2017. A presidente do banco, Manuela Mello, afirma ser um imenso desafio lidar com sonhos e necessidades dos beneficiários.
– Lidamos com pessoas com necessidades muito urgentes. Temos que ter muita sensibilidade ao administrar esses valores, mas também é muito prazeroso, porque a Mumbuca é uma moeda viva, feita de gente – comenta Manuela.
Segundo ela, o desafio é grande porque algumas dessas pessoas perderam ou saíram de seus empregos, e até sub-empregos, para ter um negócio próprio. “Um dos nossos objetivos é a realização desses sonhos. Ao contrário dos bancos comuns, nós aqui não temos porta giratória, detector de metais, seguranças revistando as pessoas, nada disso. Ninguém é proibido de entrar aqui. É um banco para as pessoas, e muita gente vem aqui só para visitar, para conversar e tomar um café e daí vão surgindo as ideias. Nossa filosofia é que ninguém pode sair insatisfeito com o banco”, afirma a presidente do banco.