Com cenários belíssimos e uma sólida política de proteção social e atração de negócios, o município tem muitos motivos para comemorar.
Maricá é tudo de bom, embora já tenha sido alvo de algum preconceito. Há alguns anos, o áudio vazado de um prefeito carioca nas investigações da Operação Lava-Jato classificava o município, em tom de deboche, como uma m… de lugar. (em respeito aos 167.668 moradores do município, preferimos não expor a palavra)
O digníssimo alcaide deve ter mordido a língua. Linda por natureza, longe dos congestionamentos e das balas perdidas, Maricá está se tornando uma cidade cada vez mais bonita e agradável para se morar.
Que o diga quem conhece os maciços que emolduram a costa, tendo aos seus pés as lagoas de Maricá, Barra de Maricá, do Padre, Guarapina, Jacaroá, Araçatiba, Boqueirão e Jaconé – ligadas ao mar pelos canais de Ponta Negra e Itaipuaçu.
Impossível também não se encantar com as praias de Jaconé, Ponta Negra, do Francês, Barra de Maricá e Itaipuaçu, ideais para esportes radicais, boa gastronomia ou simplesmente um passeio de bicicleta em família. Bicicletas, aliás, que são oferecidas de graça pelo poder público municipal.
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História
Este foi o cenário que encantou os monges beneditinos, que chegaram à região em 1635. Com eles, surgiu a Fazenda de São Bento, em São José do Imbassaí, onde seria construída a primeira capela dedicada a Nossa Senhora do Amparo.
O nome vem de uma árvore popularmente conhecida como espinheiro-maricá, muito comum e abundante na região.
Em 1814, ano considerado de fundação da cidade, o local passou a se chamar Vila de Santa Maria de Maricá, em homenagem à rainha D. Maria I de Portugal. Em 1889, a vila foi elevada à categoria de cidade.
Por Maricá, passaram nomes bastante conhecidos. Quando dava a volta ao mundo no navio Beagle, o naturalista britânico Charles Darwin incluiu Itaipuaçu em seu roteiro de pesquisas sobre fauna e flora da Mata Atlântica, em 1832 – uma contribuição preciosa para a edição do livro “A Origem das Espécies”, que mudaria o rumo das ciências naturais.
Também foi a terra escolhida pelo senador e antropólogo Darcy Ribeiro, que passou ali seus últimos anos de vida. O município também foi o cantinho das cantoras Maysa e Beth Carvalho e do jornalista João Saldanha.
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A revolução dos royalties
Com a descoberta do petróleo na camada pré-sal da Bacia de Santos (que, curiosamente, tem quase toda sua área no estado do Rio de Janeiro), Maricá se tornou a cidade brasileira que mais recebe royalties. Somente em 2022, os cofres municipais foram irrigados com R$ 2,5 bilhões. Para 2024, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) projeta uma receita de R$ 3,5 bilhões advinda da exploração de óleo e gás.
É muito dinheiro. A diferença em relação a outros municípios produtores que se refestelaram com os recursos do ouro negro está na maneira de usá-los. Ao invés de inchar a máquina pública, queimar recursos em shows superfaturados ou construir sambódromos, o governo municipal preferiu investir no futuro, garantindo recursos para o dia em que o petróleo acabar.
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Proteção social e oportunidades
Nasceu o Fundo Soberano de Maricá – que, este mês, tornou-se o primeiro do país a atingir a marca de R$ 1,5 bilhão. O objetivo é garantir políticas públicas no futuro, proporcionando também segurança para que empresas possa investir na cidade e na região.
Com o fundo, a prefeitura já conseguiu implementar políticas como o programa Renda Básica de Cidadania, que concede benefícios através da moeda social Mumbuca. A tarifa zero no transporte público garantiu a mobilidade, que fortalece a economia local.
Somam-se a essas políticas o compartilhamento gratuito de bicicletas, o Passaporte Universitário, a despoluição das lagoas e uma política bem planejada de atração de investimentos privados, com a qualificação profissional de moradores locais para ocupar as vagas de emprego.
Aos 209 anos, com ou sem shows, Maricá tem motivos de sobra para comemorar. Felizmente, a declaração infeliz daquele digníssimo alcaide está sendo rapidamente apagada da história. Os próximos capítulos serão muito melhores. Com letra M – aí sim – de maravilha. Uma maravilha de lugar.