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Domínio de grupos armados dobra em 16 anos e envolve milícias e tráfico

O domínio de grupos armados na região do Grande Rio dobrou nos últimos 16 anos, com um crescimento de 105,73%.

Em 2023, o Comando Vermelho (CV) ultrapassou as milícias e se tornou a organização criminosa que controla mais localidades na região, segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni-UFF).

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Em 2023, 52% da área ocupada por grupos armados no Grande Rio estavam sob o controle do CV. As milícias, o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Amigos dos Amigos (ADA) tiveram redução em suas áreas de domínio.

A ascensão do Comando Vermelho (CV) à liderança dos grupos armados no Grande Rio em 2023 se deve à sua hegemonia no Leste Metropolitano e ao seu crescimento na Baixada Fluminense, afirma Maria Isabel Couto, diretora de dados e transparência do Instituto Fogo Cruzado.

Faltam Políticas Públicas

Segundo Couto, a série histórica mostra um crescimento consistente das milícias até 2021, quando o CV retomou seu crescimento por dois anos consecutivos. Essa oscilação entre os grupos armados, na visão da diretora, é resultado da ausência de políticas públicas eficazes para o combate ao crime organizado.

– Enquanto não houver políticas públicas voltadas para a desarticulação das redes econômicas que sustentam os grupos armados e para a proteção de funcionários públicos que prestam serviços essenciais em todos os bairros do Grande Rio, conviveremos com essa oscilação onde num ano a milícia cresce mais e noutro o CV lidera – explicou a pesquisadora em depoimento ao jornal O Dia.

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Apesar da expansão do CV, as milícias ainda são o grupo armado com maior presença na capital fluminense, controlando 66,2% da área dominada por grupos armados.

O Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos controlam 20,7%, 9,3% e 2,4%, respectivamente.

Na Zona Oeste, a hegemonia das milícias é ainda maior, com 83,1% da área sob seu controle. O Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos controlam 7,7%, 5,7% e 2,7%, respectivamente.

Na Zona Norte, o Comando Vermelho é o grupo armado dominante, com 60,5% da área sob seu controle. O Terceiro Comando Puro controla 21,7%, a milícia 12,8% e o ADA 1,8%.

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Na Zona Sul, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro são os únicos grupos armados com presença significativa, controlando 94,7% e 5,30% da área dominada, respectivamente. No Centro, o Comando Vermelho controla 63,6% da área dominada e o Terceiro Comando Puro 36,4%.

Operações sem efeito

Maria Isabel Couto critica ainda as operações policiais que privilegiam o confronto armado, sem atacar a estrutura dos grupos criminosos.

– Essas operações afetam ora um grupo, ora outro, sem modificar a estrutura. O problema maior por trás disso são os conflitos incessantes que diariamente colocam a vida da população em risco e as dinâmicas de violência e extorsão às quais essa mesma população é submetida quando um grupo armado assume sua localidade – ressalta.

População em risco

A disputa por territórios entre os grupos armados gera insegurança para a população. Couto destaca a necessidade de políticas públicas que combatam a raiz do problema, desarticulando as redes criminosas e protegendo os serviços essenciais.

Apesar da importância dessa informação para o combate à violência urbana, as autoridades nunca elaboraram um mapa oficial mostrando a presença dos grupos armados no estado. O Mapa Histórico dos Grupos Armados do Rio de Janeiro, produzido pelo GENI e pelo Fogo Cruzado, visa suprir essa lacuna.

O levantamento foi realizado através da análise de 704.387 denúncias coletadas pelo Disque Denúncia entre 2005 e 2023.

As denúncias mencionavam milícias ou tráfico de drogas e permitiram traçar o movimento histórico de domínio de facções e milícias em mais de 11 mil sub-bairros, favelas e conjuntos habitacionais da região metropolitana do Rio de Janeiro.

A disputa por territórios entre os grupos armados gera conflitos frequentes que colocam em risco a vida da população.

Em 2023, a Zona Oeste viveu um dia de terror após a morte de uma liderança da milícia, com 35 ônibus, estações de BRT e uma composição dos trens urbanos incendiados.

A expansão do domínio dos grupos armados no Rio de Janeiro exige políticas públicas eficazes para o combate ao crime organizado.

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