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Chuvas no Rio: racismo ambiental e a ausência de políticas públicas

As fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro deixaram um saldo de 12 mortos, 300 pessoas desabrigadas e mais de 9 mil desalojados.

Os números da tragédia evidenciam a forma estrutural do racismo ambiental no estado. As áreas mais afetadas pelas chuvas são justamente aquelas onde a população vive em condições precárias, em áreas de risco ou sem acesso a serviços básicos, como saneamento e drenagem.

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Com o desastre na capital fluminense e região metropolitana, especialistas e autoridades têm utilizado essa expressão para explicar o impacto desigual das fortes chuvas sobre a população.

– O conceito de racismo ambiental há décadas é objeto de estudos científicos. Ele visa a explicar a forma com que as catástrofes ambientais e a mudança climática afetam de forma mais severa grupos sociais política e economicamente discriminados que, por esse motivo, são forçados a viver em condições de risco – disse o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.

A chuvas no Rio e na Região Metropolitana deixaram ruas alagadas e casas destruídas. Os bairros mais afetados foram Belford Roxo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Em Belford Roxo, por exemplo, a maioria das pessoas que morreram ou foram desalojadas morava em favelas ou comunidades. As casas dessas famílias foram construídas em áreas de risco, sem o devido planejamento e fiscalização do poder público.

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A falta de cuidado do poder público com a população em fragilidade social também é evidente na falta de políticas públicas de prevenção a desastres naturais.

O Rio de Janeiro é um estado que sofre com as chuvas todos os anos, mas o governo estadual e os municípios não têm investido de forma adequada em obras de drenagem e contenção de encostas.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, cobrou uma modernização na forma de entender e atender a população mais carente de atenção dos gestores. “

– A política pública precisa integrar novas linguagens, que sejam capazes de objetivamente dar nome às demandas, e o racismo ambiental é uma das realidades que precisam ser enfrentadas. Eventos climáticos extremos atingem toda a população, mas é um fato que pessoas pretas, mulheres, crianças, jovens e idosos são duramente mais afetados – ressaltou Marina Silva.

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O anúncio do governo federal de liberar R$ 730 milhões para obras de prevenção a desastres naturais no Rio é um passo importante, mas ainda é insuficiente. É preciso que o governo estadual e os municípios também assumam a sua responsabilidade e invistam de forma adequada em políticas públicas de prevenção.

A tragédia das chuvas no Rio de Janeiro é um alerta para a necessidade de se investir em políticas públicas de prevenção a desastres naturais e de se garantir o direito à moradia digna para toda a população.

As principais evidências do racismo ambiental no Rio de Janeiro

Falta de saneamento básico: As favelas e comunidades da Baixada Fluminense, onde a população é majoritariamente negra, são as que apresentam os piores índices de saneamento básico do estado. A falta de coleta de lixo, rede de esgoto e acesso à água potável contribui para o aumento do risco de enchentes e outros desastres ambientais.

Instalação de aterros sanitários: Os aterros sanitários são instalados, em sua maioria, em áreas de baixa renda, onde a população é majoritariamente negra. A poluição gerada por esses locais afeta a saúde e a qualidade de vida das pessoas que vivem nas proximidades.

Exclusão das políticas públicas: A população negra é a mais afetada pelos desastres ambientais, mas também é a que tem menos acesso às políticas públicas de prevenção e de recuperação. Isso ocorre porque essas políticas são, muitas vezes, elaboradas sem a participação da população negra, que tem suas necessidades e demandas específicas.

As consequências do racismo ambiental

Perdas materiais e humanas: As enchentes e outros desastres ambientais causados pelo racismo ambiental provocam perdas materiais e humanas significativas. As pessoas que vivem em áreas de risco são as mais afetadas, e muitas delas perdem tudo o que têm.

Aumento da vulnerabilidade social: O racismo ambiental contribui para o aumento da vulnerabilidade social da população negra. As pessoas que vivem em áreas de risco têm mais dificuldade de acessar serviços básicos, como saúde, educação e emprego.

Desigualdade social: O racismo ambiental é uma expressão da desigualdade social no Brasil. A população negra é a que tem menos acesso aos recursos e às oportunidades, e isso se reflete também na sua vulnerabilidade aos desastres ambientais.

O que fazer para combater o racismo ambiental

Investimento em políticas públicas de prevenção: O governo deve investir em políticas públicas de prevenção a desastres naturais, com foco nas áreas mais afetadas pelo racismo ambiental. Essas políticas devem incluir obras de drenagem, contenção de encostas, saneamento básico e educação ambiental.

Participação da população negra: O governo deve promover a participação da população negra na elaboração e na implementação das políticas públicas de prevenção a desastres naturais. Isso é fundamental para garantir que essas políticas atendam às necessidades e às demandas específicas dessa população.

Conscientização da população: É importante conscientizar a população sobre o racismo ambiental e seus impactos. Essa conscientização deve ser feita por meio de campanhas educativas, de projetos de educação ambiental e de ações de mobilização social.

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